When in the world can you go anymore and not find plastic?

A imensidão da baleia azul, que fascinou o jornalista Craig Leeson desde pequeno, foi o ponto de partida para a gravação de um documentário em 2011, que o conduziu, entretanto, até um bicho muito maior e muito mais assustador. Por momentos esquecemo-nos qual o assunto do documentário que vamos ver e chegamos a achar que se trata de uma mera exposição da vida marítima das baleias.

As filmagens decorriam na costa do Sri Lanka, no oceano Índico. A zona costeira mais próxima não sofria intervenção humana há mais de 30 anos, portanto, esperava-se que as águas estivessem relativamente limpas. Mas não foi o caso. Cestos de supermercado, garrafas, sacos, sandálias, isqueiros, um pacote de bolachas por abrir! Uma substância esverdeada, oleosa, dominava a superfície das águas. Aquele mar estava longe de estar limpo…

Aterro de plástico em Tuvalu

Os animais marinhos, como o nome indica, vivem nos oceanos. É a sua casa! Fonte de vida, alimento, conforto, que acolhem, simultaneamente, uma quantidade absurda de plástico anualmente. Qual é o maior problema? A sua resistência. O plástico não desaparece, não se degrada. De alguma forma, todo e qualquer plástico alguma vez produzido na história do planeta ainda está ao nosso redor e a cobrir o solo, a espalhar-se pelo mar como se de uma doença imparável se tratasse.

Aterro de lixo em Manila, nas Filipinas

De entre os cenários catastróficos que Craig nos apresenta, também os microplásticos – que muita gente ainda não sabe bem o que é – são contemplados. Tratam-se, nada mais, nada menos, de qualquer fragmento plástico cuja dimensão é inferior a 5 milímetros. Estes pedacinhos encontram-se um pouco por todo lado e anexam-se no tecido dos animais através da respiração ou ingestão, acabando por ser consumidos por nós quando comemos peixe, por exemplo. No fundo, estamos apenas a consumir um problema que produzimos.

Informãção a 1.09h do início do documentário

Através da ingestão de plástico consumimos produtos químicos tóxicos e carcinogéneos, disruptores endócrinos (como ftalatos ou Bisfenol A, comummente conhecido como BPA), metais pesados, entre outros, que podem causar complicações de saúde que vão desde doenças cardiovasculares a anomalias hepáticas, desequilíbrios na tiróide e infertilidade.

Plástico a ser retirado do estomago de uma ave morta
Plástico retirado do estomago de aves

Precisamos assim tanto do plástico? É assim tão difícil para o comum mortal prescindir do plástico no seu dia-a-dia? Na verdade não. É tudo uma questão de educação e de formação. Se as pessoas souberem quais as alternativas que podem adotar para evitar o uso do plástico, é possível inverter esta dependência viciante e tóxica. Façam-se acompanhar sempre de um saco reutilizável de pano (no carro ou na mala não pesam, nem dão por eles). Reutilizem frasquinhos e procurem opções a granel para artigos como leguminosas e cereais. Façam uso das mercearias e levem os vossos próprios sacos de tecido. Ou até mesmo de plástico, se já os tiverem por casa. Substituam os vossos objetos de higiene pessoal, como champôs, gel de banho, pasta de dentes, entre outros, por opções sem plástico, como champôs em barra e sabão ou sabonete, e produzam a vossa própria pasta de dentes. Não têm tempo? Não tem mal. Há imensas lojas que já têm soluções sustentáveis a esse nível.

Este documentário apresenta-nos uma realidade assustadora sob formato de números em relação aos quais é importante tomar consciência, de forma a nos sensibilizar para a mudança. Já tinha visto excertos pela internet que me haviam incomodado imenso. É chocante verificar a quantidade de plástico engolido por um peixe ou uma ave, e arrepia-me pensar no sofrimento pelo qual os bichinhos passam, simplesmente porque precisam de se alimentar. Ainda assim, nem tudo está perdido, não é impossível alterar o panorama atual. Mas é necessário que entremos em pânico, de uma vez por todas, e nos unamos de maneira a conseguir reverter a situação de crise extrema em que nos encontramos.