Leonardo DiCaprio é uma das mais sonantes vozes mundiais em defesa do clima. Após ter sido nomeado pelo secretério geral da ONU, Ban Ki-moon, Mensageiro da Paz pelas Nações Unidas para as alterações climáticas, o ator não quis deixar nada por dizer, apesar de se mostrar pessimista em relação ao futuro do planeta.
Mesmo com todas as evidências de que estamos perante um estado crítico a nível ambiental, ainda existe quem recuse este facto e defenda que as alterações climáticas são uma fraude, um problema inexistente, criado como manobra de diversão. Esta resistência às evidências torna-se mais gritante quando assume a voz de políticos poderosos e figuras influentes capazes de arrastar consigo a inocente credulidade das massas.
O ponto de partida é a exploração de recursos fósseis. Aprendemos na escola que são limitados, sentimo-nos confusos por não se optar por alternativas renováveis, mas com o tempo começamos a compreender – não a concordar – o porquê desta dependência absurda de algo finito e altamente agressivo para o planeta. Os interesses das corporações, a política, os jogos de poder, a expeculação. Todos estes aspetos sobrepõe-se ao mais elementar de todos: a vida. E porquê? Como? O dinheiro roubou o lugar à sensatez e algemou-se à ganância para garantir que tudo e todos desaparecerão precocemente, para que meia dúzia se possa rejubilar com as notas ensopadas em petróleo que arrancaram à sociedade cega e dependente.
A industrialização desmedida da China nos últimos anos é um tópico igualmente importante sob análise neste documentário. Cerca de 9 mil fábricas atormentam a atmosfera e as águas com níveis de poluição sem precedentes. Contudo, apesar da dependência de combustíveis fósseis, é um país cujo esforço em mudar o paradigma se materializa de forma mais evidente do que noutras nações mais desenvolvidas, como é o caso claro dos Estados Unidos. De facto, enquanto nos países mais desenvolvidos a resistência à mudança é maior, nos países em desenvolvimento, se houver vontade nesse sentido, é possível começar do zero de forma a impedir que o desenvolvimento energético desses lugares dependa de fontes menos limpas de energia.
O gelo do Ártico, que até há bem pouco tempo se tratava de uma espessa e robusta camada azul, é agora uma fina crosta que rapidamente se desvanece entre as águas, que aquecem a um ritmo incontrolável. Dentro de 20 anos estará de tal forma frágil que será possível atravessar este extremo do globo de barco sem qualquer entrave por ausência de gelo marinho. Com a desfiguração desta região gelada, surgirão alterações nas correntes marítimas, mudanças de padrões meteorológicos, já para não referir as catástrofes naturais que decorrerão dessa mudança.
Os oceanos e a pressão exercida pelo ser humano no seu equilibro, a deflorestação e a produção de carne de vaca e as suas consequências práticas, são só alguns dos temas abordados ao longo deste documentário, que nos permite compreender um pouco de cada dimensão envolvida nas alterações climáticas e de que forma está a mudar o mundo em que vivemos a um ritmo incontrolável.
Contrariamente ao Leo, assumo-me como optimista. Ainda assim, reconheço que talvez não consigamos ser suficientemente rápidos para evitar o pior. É imperativo uma mudança drástica de paradigma, sobretudo a nível político e das empresas, para que os efeitos positivos se façam sentir. Cada um de nós tem o poder de mudar a sua rotina e o que se passa em seu redor, e apesar de parecer muito pouco, já é mais do que muitos estão dispostos a levar a cabo.
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