“A period should end a sentence, not a girl’s education”. – The Pad Project

Basta investirem menos de meia hora para ficarem a conhecer um pouco daquilo que vai na mente de uma vila a 80km de Nova Deli. Este curto documentário da Netflix, vencedor de um Oscar, mostra a realidade de uma pequena comunidade rural na Índia em relação à menstruação, algo natural e necessário à espécie, mas que continua envolto em estigma em muitos meios.

Neste documentário, um grupo de jovens expõe os seus desafios do dia-a-dia por serem menstruadas. Sentem-se forçadas a abandonar a escola, são consideradas indignas por expulsarem “sangue mau” e é-lhes proibido participar em rituais religiosos porque os homens lhes afirmam que não serão ouvidas por serem sujas. Debatem-se sobre questões de igualdade, tentam colocar em prática estratégias para escapar aos casamentos forçados e aplicam a seu favor a mais poderosa das armas ao seu dispor: o espírito crítico.

Sneha quer ser polícia para ser respeitada, independente e fugir ao casamento

Mas esta curta não nos mostra apenas o mau. Também nos revela bons exemplos que estão a ser postos em prática, como é o caso de Arunachalam Muruganantham, um homem que luta pela normalização da menstruação e que inventou uma máquina que produz absorventes de baixo custo. A prática comum para controlar o sangue menstrual passa por usar qualquer tecido que se encontre e deitá-lo ao lixo a céu aberto, às escondidas e durante a noite, para que não se descubra a quem pertence. A realidade indiana traduzida em números revela-nos que menos de 10% das mulheres tem acesso a uma higiene menstrual digna, e a missão deste senhor passa pela massificação do uso de pensos absorventes, acessíveis a todas.

Arunachalam Muruganantham, o inventor da máquina de absorventes de baixo custo

É obrigatório desmistificar este tipo de assuntos perante todos, mas ainda mais importante é fazê-lo junto dos mais novos, de forma a conseguirmos, de uma vez por todas, retirar o peso negativo de algo que nos é tão natural quanto ter sede e fome. Tão natural quanto respirar! A abertura é ponto essencial para se falar do assunto. Meninas, deixem de esconder pensos e tampões dos colegas de escola e de trabalho, falem abertamente de copos menstruais. Afinal de contas, é condição necessária à vida de exige ser normalizado, como qualquer outra prática natural.

Esta curta materializa-se num documentário inspirador sobre respeito, independência e liberdade da mulher, que nos transporta a mente para uma realidade que poderá não estar assim tão distante da nossa.

E como nos diz uma das protagonistas, “O mundo não pode avançar sem mulheres. Somos as criadoras do universo.”