Combater o capitalismo nos dias que correm parece, à primeira vista, uma realidade utópica e que não está ao alcance do comum mortal. Mas desenganem-se! O documentário Wasted Waste, ou Desperdício Desperdiçado, da autoria do português Pedro Serra, apresenta-nos vários protagonistas e várias histórias que nos mostram a realidade do desperdício mundial, como o combater, e diversos bons exemplos que contrariam esta tendência massificada em estragar.

O documentário inicia por nos dar a conhecer algumas pessoas que vivem sob a filosofia do Freeganismo, isto é, uma vida auto-suficiente, que luta contra os princípios do consumismo e do capitalismo e, sobretudo, ausente de exploração humana ou animal. Este é um estilo de vida que me era completamente alheio e me chocou positivamente pela sua simplicidade.

Freegans recolhem comida em bom estado de desperdícios de supermercados

Assuntos como o desperdício alimentar, ou o consumo de electricidade e água são pontos fulcrais abordados ao longo do documentário. Também a política tem direito de antena nesta película, bem como projetos que visam diminuir o desperdício alimentar em Portugal. Bons exemplos dessas iniciativas são o projeto Fruta Feia, a ReFood ou o supermercado Goodafter.

O estilo de vida zero waste também é um dos assuntos abordados, através do exemplo de Lauren Singer, do Trash is for Tossers.

Freegans distribuem comida pelas ruas de Lisboa gratuitamente

 

Se analisarmos o nosso dia-a-dia de forma consciente, reconhecemos facilmente que é comum comprarmos roupa que não precisamos, nos entusiasmamos no supermercado e acabamos por comprar artigos supérfluos, cedemos às estratégias de marketing das empresas, que nos incitam a um consumo desregrado e inconsciente, entre outros. Eu própria sinto que caio, muitas vezes, nas malhas do capitalismo que domina as massas e que, tristemente, acaba por ditar uma boa parte das normas de conduta pelas quais nos regemos.

Sempre tentei ser consciente em relação ao que consumo, e creio que essa mesma consciência tem vindo a aumentar com o passar do tempo, fruto da minha necessidade de ir ao encontro uma vida mais equilibrada e mais significativa. No fundo, o problema não reside nas marcas, nas empresas e nas suas ofertas, mas sim no consumidor. Somos nós, consumidores, quem determina os produtos em relação aos quais existe procura. Somos nós, consumidores, a chave para a mudança dos mercados. Somos nós, consumidores, quem compra. E se nós deixarmos de comprar aquilo que nos colocam estrategicamente diante da vista, a realidade mudará em conformidade.

Este documentário serviu para me alertar para aspetos que são mais do que evidentes, mas que fazem falta recordar, de forma a nos tornarmos mais alertas em relação ao nosso comportamento e ao modo como isso afeta, não só a nossa vida, mas tudo e todos.