Todos os anos, milhões de toneladas de alimentos são desperdiçados. Numa era em que a consciência da finitude dos recursos está a aumentar, é urgente agir de forma a evitar que tanta comida continue a ser considerada lixo.
O desperdício alimentar é insustentável a diversos níveis, já que existem milhares de pessoas por todo o mundo que sofrem de fome e malnutrição que poderiam ver as suas necessidades colmatadas, mas também pelo modo como exploramos e sobrecarregamos o ambiente que cada vez mais se ressente do comportamento desregrado que o ser humano tem vindo a assumir.
Este problema, como já referi, tem impactos a nível económico, social e ambiental. De acordo com a FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations) – http://www.fao.org/home/en/, aproximadamente um terço de todos os alimentos produzidos anualmente a nível mundial é desperdiçado, o que traduzido em números significa cerca de 1 milhão de toneladas de alimentos, dos quais 324 mil toneladas são da responsabilidade dos consumidores, ou seja, cada um de nós.
No que respeita a supermercados e outras superfícies similares, a falta de regulamentação leva a que cada entidade proceda de acordo com o bom senso – ou falta dele – no que respeita aos produtos frescos, prazos de validade e prazos de consumo preferencial. Aqui o consumidor é chave na medida em que pode exprimir-se no sentido de fazer força para mudar esta realidade e levar à criação leis mais justas que impeçam que alimentos perfeitamente bons para ser consumidos tenham as lixeiras como destino.
Já no que concerne ao consumidor e à sua gestão dos recursos, podemos agir todos e cada um por si, de forma a evitar o desperdício. É nesse sentido que direciono este Ecotips para totós.
No fundo, toda esta situação trata-se de um problema estrutural que se reflete no modo como os consumidores e os governos lidam com os bens de consumo e recursos que nos rodeiam. São as “conveniências” do capitalismo em ação, que determinam o crescimento financeiro como fator de sucesso, negligenciando outros tantos aspetos importantes que podem ser igualmente sinónimo de melhoria. Mas isso é discussão para outra altura…
É possível assumirmos práticas simples no nosso dia-a-dia que ajudem a mudar este panorama. E como? Deixo-vos com algumas dicas que vos podem ajudar.
- Faz uma lista de compras
Planeia as tuas refeições em função do que tens em casa e antes de ires às compras. Ah, e leva uma lista! Assim evitas trazer para casa produtos desnecessários.
- Prazos de validade e de consumo preferencial
Atenta nos prazos de validade dos produtos para que sejam consumidos a tempo. Os prazos de consumo preferencial, mesmo depois da data, podem ser consumidos em segurança. Na verdade, o teu bom senso e paladar ditam a decisão final.
- Tudo tem o seu tempo
Consome primeiro as frutas e os legumes mais maduros. Se estiverem a passar do ponto podes sempre congelar e usar em batidos, purés, gelados e sopas. E quando os comprares, deixa a beleza de parte. Fruta feia é fruta boa!
- Sobras valem ouro
Reinventa as sobras! Não há motivo para serem aborrecidas. Legumes de ontem podem ser o salteado de amanhã. Empadão de arroz é sempre uma boa ideia. A massa do almoço? Pode engrossar uma sopa.
- Apara aqui, apara ali…
Muitos hortícolas podem ser consumidos com as cascas, mas aquelas que aparares podem ser congeladas para mais tarde ser usadas para fazer caldos. E talos verdinhos viram esparregado e pesto num estalar de dedos.
- Água (não) vai!
A água da cozedura de legumes, peixe ou carne pode converter-se na base de outras receitas, como um risotto, ou um estufado. E a que usas para lavar os hortícolas são excelentes para regar as plantas.
- Quente, quente, frio, frio…
O congelador é um precioso aliado para quando calculamos mal as quantidades dos pratos que confecionamos ou até mesmo para conservar marmitas para quando não temos tempo para cozinhar. Não te esqueças de identificar o que está na embalagem e quando foi feito!
- Atenta nas etiquetas
As etiquetas coloridas (nuns sítios vermelhas, noutros roxas, …) de aproximação do final de prazo dos supermercados podem ser uma boa forma de experimentar coisas novas a preço mais em conta enquanto evitas o desperdício.
- A tecnologia no combate ao desperdício
Apps como Too Good To Go, Phenix Portugal, Fair Meals Portugal ou OLIO ajudam a combater o desperdício alimentar para lá das portas de casa. Instala e espreita cada uma delas!
Para finalizar, aconselho-vos a ver o documentário “Wasted Waste“, do Pedro Serra, que mudou completamente a minha visão em relação ao desperdício alimentar. Se quiserem discutir ideias sobre o assunto, já sabem onde me encontrar!
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