No último «Ecotips para totós» sobre produtos de banho e higiene pessoal, deixei de fora – de forma consciente – todos os produtos que envolvem os dentes.

Encontrar uma solução verdadeiramente sustentável em relação à higiene oral tem sido uma batalha bem dura para mim, quer no que concerne a escovas, dentífricos, fios dentários, colutórios, entre outros.

  1. Muda de escova!

Não há uma solução perfeita em relação a escovas de dentes, mas algumas são menos perfeitas do que outras e outras tantas revelam-se aquém do que se pretende. A forma mais imediata de converter uma escova menos simpática, integralmente de plástico, numa opção mais amiga do ambiente, passa por fazê-la de materiais naturais. O cabo pode facilmente ser feito de um material compostável, como madeira, mas as cerdas levantam toda uma série de questões que podem complicar a sustentabilidade do produto.

Cerdas completamente biodegradáveis teriam que ser feitas a partir de pelos de animais, como javali, por exemplo, o que não se torna prático e muita gente não se sentiria confortável com a ideia. Em relação a soluções sintéticas e biodegradáveis (sob certas condições ideais), temos o nylon-4, que apesar de ser feito a partir de petróleo, permite a criação de cerdas capazes de se “desfazer” de forma eficaz nas águas gélidas dos oceanos. O problema que se coloca nestes casos é a garantia de que realmente as cerdas sejam feitas desse material.

Para além das escovas de madeira (que podem ser de faia ou bambu ), existem também opções em bioplástico, isto é, plástico que não seja derivado do petróleo. Contudo, apesar desta última opção resultar num produto com menor impacto em termos de produção, o seu descarte é tão problemático como o de uma escova normal, mesmo quando há a possibilidade de reciclagem.

É importante ainda que as escovas tenham uma embalagem sustentável, se possível feita de cartão reciclado e reciclável, por oposição às comuns embalagens de plástico e cartão.

 

  1. Dentífricos comuns, para que vos quero…

Pastas de dentes comuns são sinónimo de ainda mais embalagens de plástico. Uma família de 4 pessoas pode chegar a consumir mais do que uma por mês! Estas embalagens vão parar a aterros e perpetuam um ciclo de poluição que parece não ter fim. Já para não falar de como alguns dos constituintes das fórmulas afetam as águas onde são descartados… Como resolver ou minimizar esta questão? No mercado já existem opções de dentífricos em frasco de vidro, seja em formato de pasta, em , em sabão ou ainda em tablets .

A forma ideal de evitar este desperdício seria se todos tivéssemos disponibilidade e meios para produzir o nosso dentífrico, reutilizando frascos que temos perdidos lá por casa para o acolher, com produtos sustentáveis e que não afetam negativamente nem a nossa higiene oral, nem o ambiente. Apesar de existirem diversas receitas de dentífricos pela internet, questionem sempre se a sua composição é adequada. Uma pasta de dentes deverá limpar os dentes de forma gentil e remineralizá-los, se possível.

 

  1. Fios: do sintético ao natural

Esta foi a mudança que ainda não pus em prática pelo facto de ainda não ter terminado o rolinho sintético de fio que tenho cá por casa. Dura-me séculos! Contudo, quando houver necessidade de comprar novamente, optarei por uma solução natural. Uma comum embalagem de fio dentário, para além da embalagem de plástico que acomoda o fio, também costuma vir acompanhada de uma segunda embalagem de cartão e plástico que envolve a anterior.

No mercado já existem fios dentários alternativos, feitos de cera de candelila, que se apresentam em dois formatos: fio com embalagem reutilizável ou apenas as recargas.

 

  1. Oil pulling? O que é isso?

Como complemento à higiene oral é comum utilizar-se colutórios e elixires. Estes servem para remover bactérias que tenham sido deixadas para trás pela escovagem, branquear os dentes, tratar de problemas nas gengivas, entre outros. As garrafas que acondicionam estes produtos podem ser de plástico ou de vidro, não obstante, nem sempre os efeitos prometidos pela publicidade se fazem sentir na prática.

Uma alternativa? Começar a praticar oil pulling.

E o que é este termo tão estranho?

Trata-se de um processo com origens na medicina ayurvédica e consiste em bochechar cerca de meia colher de sopa de gordura vegetal – eu gosto de o fazer com óleo de coco – com o propósito de remover toxinas do corpo. Esta técnica, que deverá ser aplicada durante 5 a 20 minutos, diariamente, favorece ainda o branqueamento dentário. Se optarem pelo óleo de coco, tenham o cuidado de o deitar fora no jardim, quintal, ou no balde do lixo, já que esta gordura solidifica quando sujeitada ao frio. É recomendado que se faça esta prática logo de manhã, em jejum, mas confesso que nunca o consigo fazer, optando por levar o processo a cabo ao fim do dia. No caso de ainda haver dúvidas sobre este processo, aconselho-vos a ver este vídeo.

 

Espero, uma vez mais, que este Eco Tips tenha sido útil e, sobretudo, vos incentive a fazer mais uma ou outra mudança na vossa vida.