Recordo-me de estudar nas aulas de Geografia que o facto de a população passar a consumir água engarrafada se configura como um sinal de evolução e de cuidado com a saúde. De facto, este indicador, que também se relaciona com fatores económicos, revela imenso acerca das pessoas, sobre os seus hábitos de consumo, contudo, nos tempos que correm, revela ainda mais sobre as empresas que as produzem.

As marcas produtoras de água são, também, responsáveis pelo aumento substancial de produção de plástico. Apesar de algumas delas apresentarem opções de embalamento em vidro, tornam-se muito pesadas e habitualmente só servem para abastecer a hotelaria. Considerando o inimigo público que o plástico de uso único é, e que o consumidor tem muito poder para contornar e reformular os princípios das marcas, está nas nossas mãos alterar essa realidade.

Na casa dos meus pais sempre fomos ávidos consumidores de água. Garrafões e garrafões de plástico entravam em nossa casa sem considerarmos as embalagens que estávamos a utilizar. Quando o Pingo Doce implementou o seu sistema de filtragem e reenchimento de garrafões, aderimos quase de imediato, mas o sabor da água não nos agradava e rapidamente desistimos do processo. Há cerca de um ano, numa alternativa pouco pensada e um tanto ou quanto irresponsável, comprei um jarro de água Brita que ofereci aos meus pais e que veio substituir os sistemas anteriores. Enchíamos o jarro com água da torneira, usávamos o filtro até ao fim e renovávamos quando necessário. E foi no momento da renovação que se fez luz na minha cabeça! Sim, tão tarde…  O sistema, que é menos eficaz e pior para a saúde comparativamente, por exemplo, com o da Alkanatur, estava a tornar-se um problema semelhante ao dos garrafões: continuávamos a produzir plástico desnecessário e por um preço absurdo, de tão elevado que é o custo dos filtros.

Lá me pus novamente a pensar e a investigar e, numa tentativa de não me separar de vez do prático jarro, optei por uma solução que me parece bastante justa e equilibrada: substituir os filtros mensais de plástico por um filtro de carvão! Assim mantinha o jarro, não comprava mais recargas de filtragem e substituía o sistema de purificação por uma opção ecológica e mais sustentável.

Investiguei, investiguei, e acabei por comprar uma caixinha de quatro filtros que à partida me durarão quatro anos – se usar um de cada vez -, por pouco mais de 30€.

O que são os filtros de carvão ativado?

O filtro Binchotan é a forma mais pura e eficiente de carvão ativado. Consiste num bloquinho de carvão puro, utilizado no Japão desde o século XVII e é capaz de absorver impurezas, reduzir o cloro, mineralizar e equilibrar o pH da água da torneira.

Cada filtro dura cerca de 6 meses, e vem embalado a vácuo (meh, plástico… eu sei!), pronto a usar. A meio do período de utilização é necessário reativá-lo e para isso basta fervê-lo em água durante 10 minutos e deixar secar ao sol antes de voltar ao serviço.

Se ele quebrar, pode ser utilizado à mesma, sem afetar a sua eficácia.

 

Como descartar após os 6 meses?

Depois do período de uso como purificador de água, pode ser utilizado para umas quantas coisas: partido em pedacinhos e colocado em vasos para enriquecer a terra, no cesto na roupa suja, dentro de sapatos ou no fundo do balde do lixo para absorver odores desagradáveis, ou ainda como absorvente de humidade num armário ou gaveta problemática.

Cá por casa o carvão Binchotan ficará a ocupar o lugar dos filtros plásticos da Brita, mas o bloquinho de carvão também pode passar a morar na vossa garrafa de água reutilizável para a encherem em qualquer lado sem grandes preocupações.

Bem digo repetidamente que isto de levar uma vida mais ecológica é um processo. Os erros servem, realmente, para que aprendamos e optemos por melhores soluções à medida que vamos descobrindo coisas novas. E servem ainda para partilhar a experiência convosco, de forma a ajudar-vos a errar um bocadinho menos que nós!

E vocês, como preferem a vossa água?